Mas eu sou um cara que não gosta de coisas nonsense, logo, encomendar uma guitarra a um luthier, feita à mão, do jeito que eram feitas 20, 30 anos atrás, com toda a dedicação para ser um instrumento que te acompanhará durante toda a vida, e depois de tudo isso chumbar um kit de captadores de linha, fabricados por robôs que funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem nenhum sentimento, produzindo de forma ininterrupta, não fazia sentido.
Ainda bem que o Felipe e o Fabricio da Dunamiz têm uma parceria bacana com o Edu, artesão dos captadores Fullertone, e como relatado na página sobre a minha nova Les Paul, será ele o cara incumbido de captar o som de minha guitarra.
O Edu fabrica seus captadores como era feito antigamente, conforme me disse em uma conversa:
"Eu faço quase tudo no pickup humbucker: a base, os pinos. A cover eu compro, daí tiro o cromo acerto a espessura na retifica e dou banho de níquel. As bobinas plásticas compro prontas e depois faço todo o processo de bobinamento, montagem e teste. Não compro na Stewmac, faço como era feito antigamente: compro chapa, furo dobro, ajusto, dou banho de níquel, faço o logo estampado (se houver) e etc... bem artesanal mesmo. Meu trabalho mostra que é possivel fazer como antigamente e com um custo legal."Na parte do processo que não é manual, o Edu utiliza máquinas que ele mesmo construiu, como a máquina utilizada para enrolar a bobina, como ele mesmo disse:
"Eram 4 bobinas eu alternei fiz duas manualmente e duas de modo automatizado. Esse automatizado foi inspirado na maquina da Gibson Slug 101. No caso da minha fiz com motor de limpador de parabrisa igual à da Gibson."Uma coisa bacana do processo é que assim como no caso de uma guitarra custom shop, num kit de captadores como esse, você escolhe cada um dos detalhes:
- Com ou sem nickel cover;
- Cor das bobinas de plástico;
- Tipo de imã;
- Tipo de fiação;
- Resistência/saída.
- Uso de parafina;
- Envelhecimento.
Isso mesmo, o Edu faz uma coisa que deixa qualquer maníaco por captadores vintage alcançar o 7º céu em 2 tempos. Ele domina um processo de envelhecimento utilizando nitrogênio líquido, capaz de deixar o captador com as mesmas características de um captador com 50 anos de idade, sem que para isso você precise de leiloar seu rim para o mercado negro.
Nos meus captadores chegamos às seguintes especificações:
- Bobinas pretas;
- Cover e níquel;
- Imãs alnico II;
- Parafina no CJ (parafinar tudo iria fechar demais o som, então parafina-se somente o CJ, pois é um ponto vulnerável a microfonia);
- Captador da ponte:
-- fios plain enamel (padrão Gibson), para terem um som menos estridente na ponte;
-- resistência de 8,6k;
- Captador do braço:
-- fio plain enamel na bobina interna;
-- fio formvar (mais grosso, padrão Fender) na bobina próxima ao braço, para dar um timbre mais agudo e equilibrar a tonalidade do captador do braço em relação ao captador da ponte;
-- resistência de 7,6k;
A única coisa que sobrou agora é a minha ansiedade... Abaixo, seguem algumas fotos (gentilmente cedidas pelo Edu) do processo de construção dos captadores da minha Les Paul.
![]() |
Chapa da base do captador |
![]() |
Chapa cortada e furada. |
![]() |
Detalhe da chapa de furada e ajustada |
![]() |
Slug sendo usinado no torno |
![]() |
Chapas após banho de níquel, ao lado dos slugs |
![]() |
Bobina de plain ename (fios mais finos padrão Gibson) |
![]() |
Bobina de formvar (fio mais grosso padrão Fender) |
![]() |
Bobinas enroladas já com as fitas protetoras |
![]() |
Fitas sendo colocadas no baseplate |
![]() |
Humbucker montado sem Nickel Cover |
![]() |
Fios já organizados |
![]() |
Nickel cover colocado |
![]() |
Finalizado e pronto para o combate! |
Para arrematar, o vídeo de uma Dunamiz com os captadores Fullertone (infelizmente não consegui compartilhar o vídeo de uma Les Paul, mas colocarei o link abaixo):
Nenhum comentário:
Postar um comentário